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Quando o cérebro começa a falhar

  • Foto do escritor: Lorena Pessoa
    Lorena Pessoa
  • há 4 dias
  • 3 min de leitura

Transtornos neurocognitivos: quando o cérebro começa a falhar - e o que isso significa na prática.


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O envelhecimento faz parte do ciclo natural da vida e pequenas falhas de memória são comuns conforme os anos passam.


Mas, em alguns casos, as alterações cognitivas deixam de ser “normais” e passam a ser sinais de algo mais sério: os transtornos neurocognitivos.


Essas condições são caracterizadas por um declínio progressivo de funções mentais complexas, como memória, atenção, linguagem, percepção, raciocínio e capacidade de planejar ou organizar tarefas e que acabam impactando diretamente a autonomia, o humor e a qualidade de vida.


Como são classificados?



De acordo com o DSM‑5‑TR (2022), manual diagnóstico usado por profissionais da saúde mental, os transtornos neurocognitivos são divididos em três categorias principais:


Delirium

É um quadro agudo e geralmente reversível, marcado por desorientação, alteração da atenção, confusão mental e flutuação dos sintomas ao longo do dia.

Costuma ser causado por infecções, uso de medicamentos ou alterações metabólicas, especialmente em pessoas mais idosas.


Transtorno Neurocognitivo Maior

Corresponde ao que popularmente conhecemos como "demência".

O declínio cognitivo é significativo e interfere de forma importante na independência para atividades básicas do dia a dia, como se vestir, cozinhar, administrar as finanças ou se locomover sozinho.


Transtorno Neurocognitivo Leve

É um estágio mais inicial.

Existe um declínio cognitivo mensurável, percebido pela própria pessoa ou por pessoas próximas, mas ainda não compromete de forma grave a autonomia funcional. Mesmo assim, pode trazer sofrimento, insegurança e mudanças emocionais. Principais causas ou tipos (etiologias).


O DSM‑5‑TR



O DSM‑5‑TR orienta especificar a causa quando possível. Alguns exemplos mais conhecidos:


  • Doença de Alzheimer (a mais comum)

  • Demência vascular (relacionada a AVCs ou problemas circulatórios)

  • Demência frontotemporal (afeta mais comportamento, personalidade e linguagem)

  • Demência com corpos de Lewy (pode causar sintomas motores e alucinações visuais)

  • Demências associadas a doença de Parkinson, Huntington, HIV, traumatismo cranioencefálico, doença de Príon, entre outras.


Cada uma dessas condições tem particularidades, mas todas compartilham o fato de comprometer funções cognitivas importantes. 


Quais funções podem ser afetadas?



Os transtornos neurocognitivos podem comprometer diferentes áreas do funcionamento mental. Entre as mais afetadas, podemos destacar:


  • Memória: dificuldade para reter novas informações ou lembrar fatos recentes.

  • Atenção: distração fácil, dificuldade de se concentrar.

  • Funções executivas: planejar, organizar, resolver problemas, tomar decisões.

  • Linguagem: dificuldade para encontrar palavras, compreender frases ou se expressar.

  • Percepção visual e espacial: problemas para reconhecer objetos, rostos ou perceber distâncias.

  • Comportamento e regulação emocional: irritabilidade, apatia, agitação ou até alterações mais graves da personalidade.



Impacto que vai além do cérebro


O comprometimento cognitivo não afeta só a memória: ele repercute no humor, na autoestima, na convivência social e até na relação da pessoa com a própria identidade.

Muitas vezes, junto ao declínio cognitivo, surgem sintomas de ansiedade, depressão, medo de se expor ou vergonha de cometer erros, o que pode levar ao isolamento social e sofrimento emocional importante.


Existe tratamento?



É importante esclarecer: para a maioria dos transtornos neurocognitivos degenerativos, a medicina ainda não encontrou cura definitiva.

Mas isso não significa que nada possa ser feito!

Com intervenções adequadas, é possível:

  • Estimular as funções preservadas

  • Ensinar estratégias para compensar dificuldades

  • Ajudar o idoso (e a família) a lidar melhor com as mudanças

  • Reduzir sofrimento emocional e comportamental


A reabilitação neurocognitiva, associada ao acompanhamento psicológico (como a Terapia Cognitivo-Comportamental - TCC), pode trazer benefícios concretos para a autonomia e qualidade de vida.


Cuidar vai muito além da memória


Cuidar de um idoso com transtorno neurocognitivo não significa apenas aplicar exercícios de memória ou manter medicações em dia.

Significa olhar para a pessoa como um todo: acolher suas emoções, respeitar sua história, valorizar sua autonomia e oferecer dignidade mesmo diante das limitações que surgem.

Essa é a base de um trabalho humanizado, científico e feito com afeto.


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