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Mãe é quem cuida, mas ela não precisa fazer isso sozinha.

  • Foto do escritor: Amanda Claudino
    Amanda Claudino
  • 28 de jul.
  • 3 min de leitura
Mãe e saúde mental

Sobre o que é este post:

A questão da maternagem na atualidade e a necessidade de atenção às mulheres mães.


A clássica frase “mãe é quem cuida” nos trás uma indicação muito forte de como as relações sociais enxergam o papel da maternagem. Este lugar de cuidado, sempre foi colocado sobre mulheres pelo seu papel primordial de amamentação, mas nem sempre foi apenas delas. No atual momento histórico, maternar tem um peso diferente do que tinha em outras gerações.


O cuidado é dever exclusivo da mãe?


Historicamente, o cuidado de crianças sempre foi responsabilidade de toda a família e muitas vezes até da vizinhança. Em comunidades tribais, toda a tribo fica responsável por cuidar, não só das necessidades básicas das crianças, mas também de desenvolver as habilidades necessárias para que ela se torne um adulto que possa colaborar com o funcionamento da sua comunidade.


Mãe e saúde mental

A questão da maternagem


A questão é: o que aconteceu na nossa sociedade que fez com que hoje as mulheres sejam praticamente as únicas responsáveis pelo cuidado dos filhos?


Com o avanço do modelo econômico capitalista e a industrialização do ocidente, por um movimento de isolamento das famílias que tinham um funcionamento em grandes grupos, incluindo família extensa, passando a considerar apenas os grupos mais próximos (pai, mãe e filhos), chamando-a de família nuclear, este modelo de família facilitou com que as pessoas que trabalhassem mais conseguissem juntar mais riqueza, porém, deixou os grupos familiares menores e com menor potencial de apoio nas tarefas do cuidado com a casa e com a vida.


Isso acabou aumentando a carga de trabalho domésticos, pois eram menos braços para ajudar. E quando as mulheres começaram a precisar sair de casa para trabalhar, estes braços se tornaram ainda mais cansados, pois não tendo com quem dividir o serviço, elas acabaram apenas acumulando.


Por isso, nas últimas décadas se tornou tão comum ver mulheres trabalhando fora e ainda tendo que cuidar de tudo em casa. O problema aqui é que isso ficou tão comum, que as pessoas normalizaram esse acúmulo de funções e hoje, acham “normal” a mulher viver constantemente ocupada, fazendo várias coisas ao mesmo tempo. É a mulher multitarefas.


Mãe e saúde mental

A mulher que faz tudo está bem?


Nosso cérebro não é multitarefas. Ele apenas alterna entre várias atividades. E quanto mais ele divide a atenção e mais cansado o juízo (cérebro) estiver, mais erros a pessoa vai cometer. Ou seja: não é muito aconselhável viver no modo multitarefas.


Por isso, se você é mãe, preste atenção se você tem dois ou mais dos seguintes sintomas: irritação constante, às vezes briga sem nem saber o motivo, tem dificuldade para adormecer, já acorda cansada, pensa constantemente nos afazeres da casa ou do cuidado com o filho, dor de cabeça frequente, dor nas costas ou ombros, dificuldade de concentração, esquecimento, sensação de que não fez nada durante o dia ou que não fez nada direito. Se encontrou alguns destes sintomas e se eles ocorrem com frequência, tenha mais atenção na sua rotina, pois você provavelmente está passando por uma sobrecarga mental.


O ideal seria buscar ajuda de um profissional da psicologia, para que você comece a observar o que e como ajustar sua rotina. E principalmente, para entender como foi que você chegou neste ponto de se soterrar em tantas tarefas sem nem perceber, aprendendo a distinguir o que somente você pode fazer e o que pode distribuir para outras pessoas da casa.


Além disso, é importante verificar se o alto nível de estresse da sua rotina não lhe trouxe alguma outra comorbidade, como transtorno de ansiedade, depressão, burnout, transtorno obsessivo compulsivo, transtornos alimentares ou algum outro transtorno do comportamento.


Mãe e saúde mental

Antes de ser mãe, você é uma pessoa e precisa ser cuidada.


Caso você não tenha acesso a um profissional da psicologia, comece a observar atentamente na sua rotina o volume de coisas que você faz. Melhor ainda: anote tudo que você faz durante o dia. Todos os dias, ao longo de uma semana. Ao final da semana, observe tudo e verifique se tudo aquilo era realmente obrigação sua ou se poderia ser feito por outra pessoa que convive na mesma casa.


Aos poucos, comece a redistribuir as tarefas, a buscar formas mais práticas de fazê-las ou escolher alguma delas para não fazer.


Este exercício vai te ajudar a tomar consciência do tanto de atividades que acumulou sem nem perceber e a planejar melhor sua rotina. Mas não tente resolver tudo sozinha. Converse com as pessoas da casa sobre os sintomas que identificou e das estratégias que precisam ser tomadas pelo bem de sua saúde.


Lembre-se: antes de ser mãe, você é uma pessoa e precisa ser cuidada. Além do mais, se você não estiver bem, não vai conseguir ajudar ninguém.

Contribuição de Amanda Claudino para este espaço.


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