Preparar para a autonomia
- Jonatas Oliveira
- 16 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de jul.

Sobre o que é este post:
Um antídoto contra a ansiedade infantil e juvenil
A ansiedade em crianças e adolescentes pode ser suavizada, acolhida e até mesmo prevenida quando os pais ou cuidadores se fazem presentes nas atividades cotidianas, promovendo vivências que favorecem a autonomia e a independência.
Isso porque a ideia de crescer e se tornar independente, embora natural, pode despertar preocupações profundas nos jovens.
O receio de não dar conta, o medo da separação das figuras de cuidado, a insegurança diante das próprias decisões… tudo isso se manifesta, muitas vezes, na forma de ansiedade e estresse.
Participar, desde cedo, das responsabilidades do lar (com tarefas ajustadas à idade e à maturidade) é uma maneira de preparar esses jovens para o inevitável: a vida adulta. E com ela, a individualidade. Uma individualidade que, por vezes, será acompanhada de solidão. Não uma solidão negativa, mas uma experiência comum na trajetória de crescimento, onde aprendemos a habitar nossa própria companhia enquanto construímos laços com os outros.
Quando pais ou cuidadores evitam que seus filhos façam escolhas, enfrentem pequenos desafios, saiam sozinhos ou interajam com outras pessoas por medo de que algo dê errado, acabam, ainda que involuntariamente, transmitindo esse medo.
A ansiedade, nesse caso, vira herança emocional. Contudo, muitos jovens, com criatividade e resiliência, conseguem romper essa corrente e construir sua liberdade de forma autêntica.
Se para um adulto ansioso recomenda-se descanso, lazer, atividade física, contato afetivo, organização do lar e autocuidado, por que não aplicar essas práticas com as crianças e adolescentes em casa?
O lar deve ser o primeiro espaço de cuidado integral e não apenas responsabilidade ou cobrança.
Atividades domésticas, quando realizadas de forma compartilhada e afetiva, ensinam aquilo que não se aprende apenas com tarefas: alimentam vínculos, constroem saberes, fortalecem o senso de pertencimento e ajudam a desenvolver autoestima e confiança. E isso vindo das figuras de referência é de um valor inestimável.
Desde os tempos antigos, protegemos nossas famílias assim: alimentando uns aos outros, ensinando a falar, escutar, observar, se defender e amar.
A ansiedade, por si só, não é um inimigo. Ela é um sistema de alerta sofisticado, que nos ajuda a perceber riscos e nos preparar para agir. Quando uma criança é bem orientada, escutada e estimulada com amor, a ansiedade tende a não se tornar um obstáculo, mas sim um sinal útil no caminho da maturidade.
Por isso, se possível, invista diariamente na presença:
Conversem sobre o dia: isso aproxima gerações e fortalece vínculos afetivos.
Brinquem juntos: o riso e o lúdico são pontes de conexão e segurança.
Integrem os jovens à cultura familiar: cozinhar, costurar, plantar, tocar instrumentos, aprender ofícios e tradições — tudo isso forma caráter e identidade.
Ofereçam responsabilidades proporcionais: errar e tentar de novo é o caminho natural da aprendizagem.
Estimulem a criatividade sem julgamentos: sobretudo na adolescência, onde experimentar outras ideias e valores faz parte do processo de individuação.
Guiar com afeto é sempre mais eficaz do que podar com medo.
Esses gestos simples constroem a base emocional para que a criança e o adolescente enfrentem a vida adulta com mais preparo, autonomia e serenidade.
Neste texto abordamos apenas um dos muitos temas que envolvem a "ansiedade". Isso quer dizer que não há uma receita de bolo e que o que queremos é tentar trilhar o caminho com a intenção de acertar. Se você tem uma criança, adolescente ou jovem em casa que apresenta sinais de ansiedade apesar de receber amor e acolhimento, é indicado que busque ajuda profissional. A psicoterapia individual ou familiar, ou ainda, a orientação parental podem ajudar.
O mais importante é cuidar bem de você e oferecer cuidado a quem você ama.
Contribuição de Jonatas Oliveira para este espaço.
Comments