O peso das escolhas que não fazemos.
- Amanda Claudino
- 28 de abr.
- 2 min de leitura

Sobre o que é este post:
Este texto nos convida a refletir sobre como a omissão diante de conflitos também é uma forma de escolha.
A neutralidade não existe e eu trago bons argumentos sobre isso.
Quando pensamos em uma pessoa neutra, a primeira imagem que vem à mente é uma pessoa que não se envolve em conflitos, tal qual Poncio Pilatos, se abstém de decidir por algo. Para ilustrar a situação, vou apresentar uma situação hipotética:
Imaginem que um casal tem um filho pequeno, um garoto de 3 anos de idade. O homem está muito empenhado em tornar este garoto em um homem viril, e portanto, decide que vai orientar seu filho a ser sempre o melhor em tudo, mesmo que para isso, precise humilhar e ofender as pessoas “mais fracas que ele”. A mão não concorda com tais orientações, mas seguindo o princípio da neutralidade, decide que não vai interferir. Ela não quer tomar partido e se indispor com o marido.
Partindo deste exemplo, lanço a seguinte pergunta: será que não tomar partido e/ou lavar as mãos é de fato manter neutralidade?
De acordo com o filósofo existencialista Jean Paul Sartre, a resposta é não. Se você se abstém, isso não é considerado ser neutro, pois, é preciso considerar todas os elementos que podem intervir na situação.
No exemplo acima, o pai seria uma grande influência, e ciente disto, não intervir significa permitir que ele continue agindo da forma que ele decidiu ser a melhor. Em resumo, não agir a tornaria cumplice dos atos do marido.
Para Sartre, se abster é escolher que outros escolham por você. E sabendo o que o outro vai escolher, você está permitindo que ele faça o que bem entende. Tal posicionamento seria considerado uma falsa passividade, ou ainda, má-fé. Sim, ele usa o termo má-fé. Mas ele entende que as escolhas são parte da condição humana e que toda escolha traz grande responsabilidade. Não escolher pode ser visto como uma forma de fugir da responsabilidade pelo que escolhemos (ou nos abstemos de escolher).
“Ah, mas eu decidi com base na minha religião! Ah, mas é a cultura do meu país! Mas é a costume da minha família...”
Para o autor, essas afirmações também são tentativas de fugir da responsabilidade da sua escolha. Mesmo que exista uma grande pressão religiosa, cultural ou familiar, foi uma escolha sua acatar e reproduzir.
Por isso, é importante ter consciência de que nossas escolhas e ações moldam quem somos e que precisamos nos responsabilizar por cada escolha feita, aceitando as consequências vindas delas. Até quando não escolhemos.
Ao fim, é importante ter consciência do que escolhemos, como escolhemos, quem deixamos que nos influencie e quais valores no guiam, pois assim, teremos uma pequena noção de quem somos.
Epa! E se eu perceber que sou uma maria mole, que se deixa influenciar por todo mundo?
Então, é preciso lidar com as consequências desta descoberta.
Vai se manter assim ou vai mudar a forma como faz suas escolhas? Isso aí, mais escolhas...
Sobre o autor
Uma maravilhosa reflexão sobre nós mesmos, importante sempre lembrar que ao não escolhermos, já estamos escolhendo. Meus parabéns a autora incrivel, professora Amanda!!!