Quem recebeu o diagnóstico de TDAH precisa ser medicado?
- Jonatas Oliveira
- 22 de jul.
- 3 min de leitura

Sobre o que é este post:
Não podemos ignorar a escuta, o acolhimento e o desenvolvimento de estratégias para lidar com o diagnóstico de TDAH.
Embora o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) tenha, em muitos casos, uma base neurobiológica reconhecida, seu manejo clínico deve ser sempre pensado de forma individualizada, contextualizada e integrada.
Um equívoco comum é assumir que todo diagnóstico de TDAH exige, obrigatoriamente, o uso de medicação. Esse tipo de abordagem não apenas desconsidera a complexidade do sujeito, mas também enfraquece o papel da psicoterapia como eixo central de sustentação e cuidado.

Psicoterapia
A psicoterapia é a primeira linha de acolhimento e avaliação para muitos pacientes com suspeita ou diagnóstico de TDAH. É nela que ocorre o reconhecimento consciente dos padrões de funcionamento cognitivo, emocional e comportamental; a criação de estratégias personalizadas para lidar com as dificuldades de atenção, organização, impulsividade ou inquietude; a elaboração de histórias subjetivas marcadas por críticas, fracassos e autodepreciação, frequentemente vividas por esses pacientes desde a infância; e o apoio ao núcleo familiar, especialmente em crianças e adolescentes, com foco na psicoeducação, na comunicação afetiva e no manejo das rotinas diárias.
Por meio da escuta clínica, torna-se possível identificar os elementos que intensificam o sofrimento. Algumas pessoas vivem em ambientes excessivamente exigentes, sofrem com relações negligentes e condições emocionais secundárias (ansiedade, depressão, baixa autoestima).
Muitas vezes, o que aparenta ser um transtorno neurológico é, na verdade, a expressão sintomática de um ambiente disfuncional ou de uma trajetória marcada por experiências de invalidação.
Importante!
Não está anulada a necessidade de medicação quando ela é necessária.

Psicólogos e Psiquiatras
Há casos em que os sintomas do TDAH atingem níveis severos de prejuízo funcional, mesmo com suporte psicoterapêutico adequado. Nessas situações, a medicação não deve ser temida, mas compreendida como um recurso clínico válido e, muitas vezes, indispensável.
Quando a medicação é apresentada como possibilidade de tratamento, é sinal de que há comprometimento acentuado do rendimento escolar, acadêmico ou laboral; há exaustão mental diante da própria dificuldade de foco e regulação; há risco de desmotivação, fracasso ou exclusão social; e as estratégias psicoterapêuticas já implementadas não produzem melhora suficiente, apesar do vínculo terapêutico e do esforço do paciente.
Nesses casos, a combinação entre psicoterapia e farmacoterapia tende a potencializar resultados, oferecendo não apenas alívio sintomático, mas também a possibilidade de um engajamento mais ativo e eficaz nos processos terapêuticos.
Psicoterapia e Psiquiatria caminhando juntas!
Nem todo caso de TDAH demanda o uso de medicação. No entanto, quando indicado, o acompanhamento psiquiátrico ético e humanizado é imprescindível.
O papel do psiquiatra não se limita à prescrição: ele inclui escuta, monitoramento, ajuste cuidadoso das doses, avaliação de comorbidades e, sobretudo, parceria com o psicólogo para garantir um plano de cuidado integral.
A decisão pelo uso de medicamentos deve ser construída em diálogo com quem recebeu o diagnóstico ou com os responsáveis. Isso é feito com clareza sobre expectativas, riscos, benefícios e alternativas.
Se possível, a integração é o melhor caminho para quem precisa de acompanhamento psicológico e psiquiátrico.

Então, cada caso receberá o tratamento adequado!
O tratamento do TDAH deve ser sempre pensado como um modelo integrado de atenção em saúde mental. A psicoterapia não é opcional. Ela é a base do cuidado. A medicação, quando necessária, atua como uma ferramenta auxiliar, capaz de restituir ao paciente a possibilidade de investir com mais liberdade em sua vida, seus projetos e seus relacionamentos.
O mais importante: não deixar de tratar o que precisa ser cuidado!
Contribuição de Jonatas Oliveira para este espaço.
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