Os homens são mais propensos à agressividade?
- Jonatas Oliveira
- 19 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 21 de jul.

Sobre o que é este post:
Agressividade em homens e a possibilidade de acolhimento
Essa pergunta não tem uma resposta simples e ainda é cercada de estigmas, generalizações e desinformação. É possível encontrarmos em pesquisas e estudos diferentes tendências: enquanto algumas apontam que a agressividade pode diminuir com o tempo ou com o casamento, outras revelam uma prevalência maior desse comportamento entre homens, especialmente em contextos de violência doméstica ou crimes violentos.
E, embora as estatísticas revelem a prevalência da agressividade e do comportamento violento em contextos masculinos, a violência não é uma característica exclusiva do gênero masculino. Este texto propõe dialogar sobre isso, respeitando a diversidade do ser e não generalizando as masculinidades.
Explicações para a agressividade em alguns homens:

É relevante falar sobre fatores que influenciam o comportamento agressivo em alguns homens e observar que não são todas as pessoas que desenvolvem comportamento violento ou agressivo, apesar desses fatores.
A questão hormonal

A testosterona, hormônio predominante no corpo masculino, é frequentemente associada à agressividade. No entanto, ela não age sozinha e seu impacto depende de outros elementos, como o ambiente, a saúde mental e o histórico de vida do indivíduo.
A agressividade “provocada” pela testosterona não é necessariamente a violência e pode se revelar em irritabilidade, mau humor, intolerância e agitação. Lembrando que não apresentar esses “sintomas” não significa desequilíbrio hormonal, muito menos ausência de “macheza”.
Na realidade, o autocontrole permite que muitos homens lidem bem com a própria agressividade usando-a quando necessário para as atividades do cotidiano.
A questão da criação e o contexto social

A maneira como os homens são educados influencia diretamente sua forma de lidar com emoções. Muitos são ensinados, desde cedo, a reprimir sentimentos, o que pode gerar comportamentos explosivos, dificuldade de diálogo e agressividade.
Os ambientes para aprender a lidar com a agressividade ou desenvolvê-la inadequadamente são aqueles onde os meninos estão experimentando sentimentos e emoções: o lar, a comunidade, a escola, as instituições. Quando meninos são expostos à negligência, violência, comunicação agressiva e outros dessa natureza, não é raro que se tornem homens mais propensos ao comportamento agressivo “negativo” e usem a violência como recurso.
A questão da Saúde Mental

Quadros como depressão, ansiedade e dependência de álcool ou outras substâncias estão frequentemente associados ao aumento de comportamentos agressivos, especialmente quando a pessoa não recebe tratamento adequado ou não conta com apoio emocional.
Transtornos de humor, como a depressão e a ansiedade, podem gerar irritabilidade, dificuldade para lidar com frustrações e baixa tolerância a situações estressantes, o que contribui para reações agressivas.
O uso abusivo de substâncias afeta diretamente o funcionamento do cérebro, podendo prejudicar o controle dos impulsos e favorecer episódios de raiva e agressividade. Além disso, o isolamento social, a ausência de vínculos afetivos e o descaso com a saúde mental agravam ainda mais esse cenário, tornando o indivíduo mais vulnerável a desenvolver comportamentos agressivos.
É importante destacar que esses quadros muitas vezes se sobrepõem (uma pessoa pode apresentar depressão e, ao mesmo tempo, lidar com a dependência química), o que eleva significativamente o risco de agressividade.
Por isso, buscar tratamento especializado e apoio emocional é essencial não apenas para reduzir os comportamentos agressivos, mas também para promover o bem-estar e a qualidade de vida da pessoa.
Ser agressivo não é um destino

O comportamento agressivo e violento não é uma característica inevitável dos homens. A agressividade está na natureza e é uma força mobilizadora, mas não se pode fazer uso dela indiscriminadamente. Opressão, violência, intolerância, hostilidade, intimidação e outros semelhantes são comportamentos aprendidos e/ou condicionados por fatores sociais, históricos, emocionais e biológicos.
E, como quaisquer outros comportamentos, podem ser transformados. Assim, é possível submeter a pessoa que não consegue lidar com a própria raiva a um tratamento que lhe possibilite o gerenciamento adequado. Existem outros caminhos possíveis. Agir com violência e usar a agressividade de modo negativo não é nato.
Você pode enfrentar o problema?

Nem todos os homens são agressivos. As generalizações contribuem para o estigma e a dificuldade de lidar com o problema. A agressividade varia entre indivíduos, e reconhecer isso é o primeiro passo para abordagens mais eficazes e humanas.
Falar sobre "agressividade masculina" é, acima de tudo, abrir espaço para refletir sobre saúde mental, masculinidades e a cultura de violência.
É importante desconstruir modelos de virilidade que incentivam o autoritarismo, a repressão emocional e a dominação. E é preciso investir em estratégias educativas, políticas públicas, campanhas de conscientização e suporte psicológico que incentivem os homens a desenvolver habilidades de diálogo, empatia e autorregulação emocional.
A psicoterapia se mostra como espaço de acolhimento e compreensão da pessoa e das suas vulnerabilidades. Reconhecer a dificuldade de lidar com a raiva, a agressividade e a facilidade em se envolver em situações vexatórias por comportamentos violentos é o primeiro passo para encontrar novas maneiras de ser e agir no mundo.
Lidar com o comportamento violento ou agressivo não é impossível.
É possível com estratégias e novas perspectivas.
Contribuição de Jonatas Oliveira para este espaço.
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