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- Entendendo as diferenças entre Neurodivergências e Ansiedade e Depressão
É possível viver bem quando recebemos diagnósticos no contexto da saúde mental ou do funcionamento cerebral? Enviado por: Jonatas Oliveira A saúde mental é um campo vasto que abrange muitas coisas que afetam como a gente pensa, sente e se comporta. É importante saber a diferença entre o que chamamos de "neurodivergências" e as "condições de saúde mental", porque isso muda como a gente entende e lida com cada uma. O nosso cérebro e suas diversas formas de funcionar: O termo "neurodivergência" fala sobre as variações naturais na forma como o cérebro funciona. Geralmente, elas já estão presentes desde a infância. Essas variações não são doenças ou falhas, mas sim jeitos diferentes de ver, processar e interagir com o mundo. As principais condições neurodivergentes são: Transtorno do Espectro Autista (TEA): Pessoas com TEA se comunicam e se relacionam de um jeito diferente, e podem ter comportamentos repetitivos ou interesses bem específicos. O autismo é uma condição do desenvolvimento neurológico que se manifesta de várias formas, com diferentes níveis de intensidade e necessidade de apoio. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): Caracteriza-se por dificuldade de atenção, impulsividade e, em muitos casos, muita agitação. Isso pode impactar bastante a vida na escola, no trabalho e nas relações sociais. Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD): São pessoas que se destacam muito em áreas como inteligência, criatividade ou habilidades motoras. Embora geralmente associada a um grande potencial, a superdotação pode vir junto com dificuldades emocionais ou **problemas de aprendizagem. **Esses Transtornos de Aprendizagem incluem condições como: Dislexia, que é a dificuldade para ler e entender textos fluentemente. Disgrafia, que é a dificuldade para escrever, letra ilegível, lentidão, erros de ortografia e textos desorganizados. Discalculia, que é a grande dificuldade para entender números, fazer contas e raciocinar matematicamente. Dislalia, que é a dificuldade para falar e processar a linguagem oral, como trocar sons, falar de forma imprecisa e ter um vocabulário reduzido. Transtornos de Personalidade com Aspectos Neurodivergentes: Embora transtornos de personalidade, como o Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL) e o Narcisista (TPN), sejam vistos como problemas psicológicos estruturais, alguns estudos indicam que eles podem ter ligações com o funcionamento cerebral, especialmente no que diz respeito ao controle das emoções, impulsividade e como a pessoa se relaciona com os outros. Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): Mesmo sendo classificado como um transtorno de ansiedade, há um debate crescente sobre se o TOC pode ser considerado parte do espectro neurodivergente, devido à rigidez de pensamento, padrões repetitivos e dificuldades de funções executivas envolvidas. A nossa mente com Ansiedade e Depressão Ansiedade e depressão são condições clínicas diferentes, que não são causadas por alterações na formação do cérebro, mas sim por desequilíbrios emocionais e químicos. Ambas causam um sofrimento psíquico grande e precisam de ajuda especializada. Ansiedade: Inclui transtornos como a Ansiedade Generalizada (TAG), fobias, síndrome do pânico e ansiedade social. Caracteriza-se por preocupação excessiva, pensar sempre no pior e sintomas físicos de agitação. Depressão: Envolve tristeza profunda, perda de interesse em coisas que antes davam prazer, cansaço, alterações no sono e apetite, sentimentos de inutilidade e, em casos graves, pensamentos suicidas. Quais são as diferenças entre Neurodivergências e Ansiedade e Depressão? A principal diferença está na origem e na natureza dessas condições: Neurodivergência: Vem de jeitos diferentes que o cérebro se desenvolveu. Não é uma doença em si, mas um modo diferente de funcionar a nível cognitivo, social e comportamental. Ansiedade e Depressão: São estados de sofrimento emocional e desorganização, muitas vezes causados por fatores psicológicos, sociais, ambientais ou químicos. Como conviver com um diagnóstico? Mesmo sendo diferentes, essas categorias muitas vezes andam juntas. Pessoas neurodivergentes têm mais chances de desenvolver transtornos como ansiedade e depressão, seja pela dificuldade de se adaptar a ambientes pouco inclusivos, pela experiência de serem rejeitadas socialmente ou pelo esforço constante para esconder seus sintomas. Por sua vez, a experiência de quem vive com Ansiedade e/ou Depressão pode ter aspectos parecidos com as vivências neurodivergentes: sensação de não se encaixar, dificuldade para controlar as emoções e desafios na comunicação O que podemos fazer? Entender a diferença entre Neurodivergência e Ansiedade e Depressão é fundamental para evitar diagnósticos errados, oferecer o tratamento certo e diminuir o preconceito. Ambas as experiências precisam de escuta atenta, apoio com empatia e um cuidado clínico que respeite a individualidade de cada um. Em vez de rotular, o mais importante é acolher. Nenhuma condição define completamente uma pessoa, e todas as formas de funcionamento merecem ser compreendidas com respeito, ciência e humanidade. A psicoterapia pode ser o caminho para você que busca entender e desenvolver formas de lidar com comportamentos que geram estranhamento. Não é preciso enfrentar isso sozinho. Existe um lugar de acolhimento para promoção do seu bem-estar. Você é importante. E a sua saúde mental importa!
- Quando o cérebro começa a falhar
Transtornos neurocognitivos: quando o cérebro começa a falhar - e o que isso significa na prática. Enviado por: Lorena Pessoa O envelhecimento faz parte do ciclo natural da vida e pequenas falhas de memória são comuns conforme os anos passam. Mas, em alguns casos, as alterações cognitivas deixam de ser “normais” e passam a ser sinais de algo mais sério: os transtornos neurocognitivos. Essas condições são caracterizadas por um declínio progressivo de funções mentais complexas, como memória, atenção, linguagem, percepção, raciocínio e capacidade de planejar ou organizar tarefas e que acabam impactando diretamente a autonomia, o humor e a qualidade de vida. Como são classificados? De acordo com o DSM‑5‑TR (2022), manual diagnóstico usado por profissionais da saúde mental, os transtornos neurocognitivos são divididos em três categorias principais: Delirium É um quadro agudo e geralmente reversível, marcado por desorientação, alteração da atenção, confusão mental e flutuação dos sintomas ao longo do dia. Costuma ser causado por infecções, uso de medicamentos ou alterações metabólicas, especialmente em pessoas mais idosas. Transtorno Neurocognitivo Maior Corresponde ao que popularmente conhecemos como "demência". O declínio cognitivo é significativo e interfere de forma importante na independência para atividades básicas do dia a dia, como se vestir, cozinhar, administrar as finanças ou se locomover sozinho. Transtorno Neurocognitivo Leve É um estágio mais inicial. Existe um declínio cognitivo mensurável, percebido pela própria pessoa ou por pessoas próximas, mas ainda não compromete de forma grave a autonomia funcional. Mesmo assim, pode trazer sofrimento, insegurança e mudanças emocionais. Principais causas ou tipos (etiologias). O DSM‑5‑TR O DSM‑5‑TR orienta especificar a causa quando possível. Alguns exemplos mais conhecidos: Doença de Alzheimer (a mais comum) Demência vascular (relacionada a AVCs ou problemas circulatórios) Demência frontotemporal (afeta mais comportamento, personalidade e linguagem) Demência com corpos de Lewy (pode causar sintomas motores e alucinações visuais) Demências associadas a doença de Parkinson, Huntington, HIV, traumatismo cranioencefálico, doença de Príon, entre outras. Cada uma dessas condições tem particularidades, mas todas compartilham o fato de comprometer funções cognitivas importantes. Quais funções podem ser afetadas? Os transtornos neurocognitivos podem comprometer diferentes áreas do funcionamento mental. Entre as mais afetadas, podemos destacar: Memória : dificuldade para reter novas informações ou lembrar fatos recentes. Atenção : distração fácil, dificuldade de se concentrar. Funções executivas : planejar, organizar, resolver problemas, tomar decisões. Linguagem : dificuldade para encontrar palavras, compreender frases ou se expressar. Percepção visual e espacial : problemas para reconhecer objetos, rostos ou perceber distâncias. Comportamento e regulação emocional : irritabilidade, apatia, agitação ou até alterações mais graves da personalidade. Impacto que vai além do cérebro O comprometimento cognitivo não afeta só a memória: ele repercute no humor, na autoestima, na convivência social e até na relação da pessoa com a própria identidade. Muitas vezes, junto ao declínio cognitivo, surgem sintomas de ansiedade, depressão, medo de se expor ou vergonha de cometer erros, o que pode levar ao isolamento social e sofrimento emocional importante. Existe tratamento? É importante esclarecer: para a maioria dos transtornos neurocognitivos degenerativos, a medicina ainda não encontrou cura definitiva. Mas isso não significa que nada possa ser feito! Com intervenções adequadas, é possível: Estimular as funções preservadas Ensinar estratégias para compensar dificuldades Ajudar o idoso (e a família) a lidar melhor com as mudanças Reduzir sofrimento emocional e comportamental A reabilitação neurocognitiva, associada ao acompanhamento psicológico (como a Terapia Cognitivo-Comportamental - TCC), pode trazer benefícios concretos para a autonomia e qualidade de vida. Cuidar vai muito além da memória Cuidar de um idoso com transtorno neurocognitivo não significa apenas aplicar exercícios de memória ou manter medicações em dia. Significa olhar para a pessoa como um todo: acolher suas emoções, respeitar sua história, valorizar sua autonomia e oferecer dignidade mesmo diante das limitações que surgem. Essa é a base de um trabalho humanizado, científico e feito com afeto.
- Durão ou Sensível?
Os homens estão demonstrando mais as suas vulnerabilidades e se preocupando menos em manter a pose de “H MAIÚSCULO”? Enviado por: Jonatas Oliveira Desde sempre, a ideia de como um "homem de verdade" deveria ser foi moldada por tudo ao nosso redor: a sociedade, o dinheiro, a cultura e até as histórias que contamos. Cada época e lugar dizia o que os homens podiam fazer, o que podiam expressar e, principalmente, o que podiam sentir. Mas o que vemos hoje é a figura do homem meio inseguro, mais sensível e ansioso, que virou piada, moda e até objeto de desejo. E isso não é por acaso. É só um capítulo novo (e um pouco estranho?) na longa história de como os homens são. De onde vem a masculinidade de ferro? Antigamente, lá na Grécia e em Roma, ser homem era ter cabeça fria, ir pra guerra, ser corajoso e se controlar. O homem ideal era o guerreiro ou o cidadão exemplar: na dele, firme, dono de si. Sentimentos como medo, tristeza ou ansiedade eram fraquezas e, portanto, algo para esconder ou superar. Essa ideia seguiu pela Idade Média e se firmou na era moderna com a figura do pai que sustenta a casa, do homem público, que era definido pelo trabalho duro, pela razão e por dominar o mundo lá fora. Ser "macho" era mostrar força, disciplina e não deixar as emoções mais frágeis aparecerem. Tentativas de mudanças aconteceram… Com as guerras mundiais e a indústria crescendo rápido, o homem como soldado e trabalhador ganhou mais camadas. Não mostrar emoções virou uma qualidade: homens que voltavam da guerra com problemas sérios muitas vezes eram silenciados pela cultura da força. O termo "transtorno de estresse pós-traumático" (TEPT) só foi reconhecido em 1980, mostrando como o sofrimento masculino sempre foi ignorado. Nos anos 60 e 70, com os movimentos feministas, civis e LGBT+, surgiram novas formas de questionar o que era ser homem. Alguns autores e movimentos até tentaram resgatar o lado emocional e espiritual do masculino, mas ainda presos a ideias antigas. E fica ainda mais interessante! Nas últimas décadas, com as discussões sobre gênero, mais direitos e a internet bombando, a masculinidade virou alvo de críticas, de reformas e de muita briga de ideias. O modelo antigo de homem começou a ser questionado por visões mais flexíveis, diversas e abertas às emoções. Mas essa mudança não é fácil. O homem de hoje é, ao mesmo tempo, herdeiro de um jeito de ser autoritário e cobrado para ser empático, cuidador e acessível emocionalmente, sem ter sido preparado para isso. Estudos de psicologia atuais mostram que vivemos uma fase de masculinidades confusas: vários tipos de homens existem ao mesmo tempo, brigam entre si e muitas vezes se misturam na mesma pessoa. A ansiedade, nesse cenário, aparece como um sintoma e uma imagem: o homem está ansioso porque não sabe mais como "ser homem" num mundo que pede pra ele se reinventar sem dar um manual claro. A Ansiedade Masculina A fama de gente como o Pedro Pascal, que virou símbolo da tal "ansiedade", mostra uma nova parte dessa conversa. A vulnerabilidade passou a ser vista como “sexy”. A ansiedade deixou de ser sinal de problema pra virar, por incrível que pareça, um ícone de humanidade e carisma. Homens ansiosos, gentis, que gaguejam e cuidam de plantas, bichos ou filhos estão ocupando o lugar que antes era do herói que não sente nada. É uma nova "cara" da masculinidade que, embora liberte em alguns pontos, ainda pode esconder armadilhas. A Armadura do Guerreiro A história do livro "O Cavaleiro Preso na Armadura" dá uma ideia muito boa pra pensar a masculinidade em mudança. No livro, o cavaleiro veste uma armadura brilhante para se proteger do mundo, mas, com o tempo, ela gruda no corpo dele, impedindo-o de sentir, de se conectar e até de amar. Essa armadura representa as "regras" da cultura que mandam o homem calar seus sentimentos e negar que é frágil. A jornada do cavaleiro para tirar a armadura é, na verdade, uma viagem para dentro, onde ele precisa reencontrar sua capacidade de sentir, de dar nome às suas dores e de fazer as pazes com a própria vulnerabilidade, sem deixar de ser corajoso por isso. O livro mostra que a verdadeira bravura não é lutar contra dragões, mas olhar pra dentro, enfrentar o medo de ser rejeitado e reconstruir a si mesmo com sinceridade emocional. É um convite à mudança pessoal que bate forte com o que o homem de hoje precisa. Vulnerabilidade não é moda! Se antes os homens eram criticados por mostrarem fraqueza, hoje eles podem ser elogiados por "performar" essa fragilidade, mas nem sempre de um jeito verdadeiro ou com responsabilidade emocional. Psicólogos alertam para o fenômeno da "masculinidade performática sensível" que acontece quando o homem só expressa sentimentos de um jeito bonito ou que convém, sem de fato aprender a se relacionar de verdade. Ao mesmo tempo, muitos homens ainda sofrem sozinhos, com medo de serem julgados, ou se sentem perdidos, sem um grupo ao qual pertencer. A ansiedade, a depressão e o suicídio continuam sendo sinais de sofrimento masculino, principalmente entre jovens adultos, segundo a OMS. O que podemos fazer? O homem de hoje precisa se reinventar sem se perder. Isso exige espaços pra ele ser ouvido, políticas de apoio, educação sobre emoções e um esforço de todos pra acabar com os preconceitos que ainda prendem os sentimentos masculinos. O objetivo não é trocar o "macho alfa" pelo "homem fofo", mas criar uma masculinidade justa, que saiba se relacionar e seja completa. Onde força e vulnerabilidade, firmeza e carinho, possam existir juntos sem vergonha. A imagem do homem ansioso pode ser, sim, um sinal de abertura. Mas é preciso ir além do meme e tocar no que ele realmente representa: um desejo profundo de se permitir sentir, amar e existir de forma plena.
- Os homens e suas emoções
Os homens também podem apresentar vulnerabilidades? Enviado por: Jéssyca Martins Desde muito cedo, os homens são ensinados a serem fortes, a não chorar, a esconder seus sentimentos e a sustentar uma imagem de invulnerabilidade. Essa imposição social, muitas vezes silenciosa, molda a forma como eles vivem, se relacionam e lidam com suas emoções. Mas será mesmo que é preciso continuar ocupando esse lugar de rigidez emocional? Você, homem, já parou para se perguntar quantas vezes reprimiu o que sentia para não parecer "fraco"? Já percebeu o peso de carregar dores, medos e inseguranças sozinho, sem poder compartilhar ou buscar ajuda? A sociedade te colocou nesse papel de força constante, como se sentir fosse uma ameaça à masculinidade. Mas eu venho aqui te dizer: você não precisa mais ocupar esse lugar. Homens que têm se permitido sentir. Nos últimos tempos, especialmente no último ano, tenho acompanhado de perto homens que estão rompendo com esse modelo desumano. Homens que têm se permitido sentir, chorar, falar e buscar ajuda. Isso não é fraqueza, é coragem. Você é fruto de uma sociedade machista e arcaica, sim, mas isso não precisa definir quem você escolhe ser daqui para frente. Você não está sozinho, e não precisa continuar sufocando suas emoções. Existe um caminho possível, mais leve e mais humano. A psicoterapia pode ser uma ferramenta poderosa nesse processo, ajudando você a se enxergar com mais acolhimento, consciência e liberdade emocional. Permita-se viver de forma mais autêntica, sentir também é um ato de força.
- Carinho, Regras e Consequências.
Como Carinho, Regras e Consequências ajudam no crescimento dos pequenos? Enviado por: Jonatas Oliveira Neste texto nós vamos entender a criação dos filhos a partir de três pontos principais: o Carinho , as Regras e as Consequências . Este é um jeito bom de ver como os pais e os filhos se relacionam e, principalmente, como isso tudo ajuda no desenvolvimento emocional, social e no aprendizado das crianças. Esses pontos são como uma base para os jeitos de criar os filhos, e influenciam diretamente em como os filhos crescem, se vêem e lidam com o mundo. O carinho é a demonstração física do amor? O carinho é o lado afetivo da criação. Mas, apesar de pensarmos na sua forma física, não é só abraço e beijo. É estar presente de verdade, ouvir, validar os sentimentos da criança e mostrar interesse constante na vida dela. Quando o carinho é dado sempre, a criança costuma desenvolver bem a sua Autoestima, o Controle das emoções e a Empatia nas relações. Isso acontece porque ao se sentir amada e aceita, ela constrói uma imagem boa de si mesma; aprende a lidar com a raiva, medos e desafios, sabendo que tem um lugar seguro de apoio; e o carinho que ela recebe em casa se espalha para os relacionamentos com outras pessoas, ajudando a criar laços mais saudáveis. Então, o carinho não é só um gesto, mas uma forma de se comunicar que ensina a criança a se sentir bem no mundo ao qual ela pertence. Que dá a ela a certeza de que é vista e de que é importante. E as regras? Bem, as regras formam a importante estrutura do desenvolvimento. A estrutura se refere a ter limites claros, regras que fazem sentido e rotinas que a criança já conhece. A estrutura dá à criança uma sensação de segurança e direção, mostrando o que é certo fazer e o que se espera dela na família e na sociedade. Diferente de pais autoritários, que só mandam e esperam obediência, a estruturação saudável envolve: Firmeza na hora de aplicar as regras; Clareza ao explicar o que se espera; Flexibilidade para adaptar as regras ao que a criança consegue entender na idade dela. Essa organização ajuda muito a criança. É através dela que se desenvolvem o autocontrole e a responsabilidade. Uma criança que cresce com regras saudáveis e bem definidas, provavelmente terá um desempenho escolar melhor, aprendendo a ter hábitos e rotinas que ajudam nos estudos. E tenderá a ver limites como proteção, e não como castigo. A estrutura, portanto, não prende; ela guia. Dá forma ao carinho e mostra a direção para o crescimento. Mostrando as consequências As consequências são as respostas dos pais aos comportamentos dos filhos. Quando bem usadas, servem para ensinar e não para punir. Os tipos que vamos conhecer aqui são: Reforço Positivo e Disciplina Construtiva . No Reforço Positivo , os pais podem valorizar atitudes boas com elogios ou pequenas recompensas, incentivando a criança a repetir comportamentos desejáveis. E na Disciplina construtiva , os pais podem lidar com comportamentos ruins de um jeito que ensine, sem bater ou humilhar. O importante é a criança pensar e corrigir o que fez ou lidar com as consequências (dadas as devidas proporções). Uma “consequência” eficaz é aquela aplicada com justiça, de forma consistente e com empatia. Quando se consegue esse equilíbrio, a criança tende a entender a ligação entre o que faz e o que acontece depois; aprende com os erros, sem medo ou vergonha; e desenvolve um senso de ética e justiça dentro dela, que vai além de obedecer por medo e se baseia em valores. Esse tripé é um tesouro no lar! Criar filhos não é uma conta exata, mas o equilíbrio entre Carinho, Regras e Consequências é uma base forte para ter práticas educativas mais conscientes e eficientes. Quando esses três elementos se juntam de forma harmoniosa, promovem o desenvolvimento de crianças mais seguras, independentes e emocionalmente saudáveis. Pais que dão amor, orientam com clareza e educam com justiça, constroem um ambiente que favorece não só o bem-estar imediato da criança, mas também a formação de adultos mais honestos, fortes e que se importam com a sociedade. Vamos aplicar?
- Intimidade e amor real exigem maturidade do casal.
Sobre o que é este post: A idealização do amor, que o retrata como fácil e eterno, e a defesa do amor real e da intimidade que exige esforço, autoconhecimento e maturidade. A intimidade de verdade, o desejo que não some, a convivência que fica mais forte: nada disso acontece sem um trabalho interno, sem mudanças maduras e sem a arte de ser quem você é de verdade na frente do outro. Intimidade e amor-próprio caminham lado-a-lado. "Amar a si mesmo" quer dizer que você consegue se relacionar com os outros sem se deixar de lado. É aceitar tudo o que você é: suas qualidades e defeitos, suas contradições e seus desejos. Isso quer dizer que você não precisa esconder partes da sua personalidade só para agradar as pessoas ou se encaixar nas expectativas de um relacionamento. É pura ilusão esperar que um relacionamento seja bom se uma das pessoas (ou as duas) se anula para caber no que o outro quer. Relações em que a pessoa abre mão de ser ela mesma costumam gerar mágoas, dependências e frustrações. A base de um bom relacionamento é aceitar sua própria complexidade e conseguir dar ao outro a liberdade de também ser autêntico. Desejo mútuo, sim. Obrigação conjugal, não. A vida sexual plena só é possível quando homens e mulheres podem viver o sexo de forma livre e responsável. Sexo bom de verdade acontece quando a gente realmente tem vontade. E quando se trata de uma vontade verdadeira, via de mão dupla. Sem ser por obrigação de casamento ou por regras pré-definidas. Fazer sexo deve ser uma escolha que inclui o prazer dos dois, no tempo dos dois, do jeito dos dois. Quando o sexo vira uma obrigação ou uma troca, aí vira um peso. O casal que quer ter uma relação duradoura precisa entender que a intimidade é algo que se cultiva e que vai ser super importante por muitos e muitos anos. Ignorar esse ponto é o mesmo que ignorar a saúde da relação. Você consegue ser feliz sozinho? Sabe aquela ideia de que a gente só é completo se encontrar alguém que "salva", "completa" ou "cura"? Isso é o que chamamos de dependência emocional, e é bem perigoso. Muitas pessoas ainda caem nessa, pensando que é amor de verdade, mas na verdade, é uma armadilha. Para um relacionamento dar certo e ser saudável, o principal é você estar bem consigo mesmo. Isso significa ter sua própria independência emocional, entender o amor e o sexo de uma forma mais madura, e largar a crença de que a sua felicidade depende só de outra pessoa. Qualquer relacionamento importante vai ter seus desafios, desentendimentos e momentos em que parece que a chama diminuiu. Mas quando duas pessoas independentes escolhem ficar juntas, a relação vira um espaço de crescimento de verdade, e não uma prisão ou uma fantasia. A intimidade é uma conquista contínua. Não existe receita pronta nem garantia de que a chama da intimidade estará sempre acesa. Mas tem um jeito de dar certo: aceitar que o outro e você são complicados, conversar de forma sincera e deixar o amor e a intimidade livres para crescer. Com verdade, com vontade, e com respeito de ambas as partes. Contribuição de Jonatas Oliveira para este espaço.
- Alta psicológica é uma decisão em conjunto.
Sobre o que é este post: Neste texto, vamos explorar quando é hora de ficar, a hora de ir e a hora de voltar. A terapia é uma jornada que fazemos para nos fortalecer e nos tornar mais independentes. Mas, nesse caminho, a relação com o psicólogo pode ter diferentes nuances. Entender quando é hora de "se dar alta" ou “receber alta”, quando podemos estar criando um laço de dependência com o terapeuta, ou quando a ajuda profissional ainda é crucial, é fundamental para que a terapia continue sendo um recurso positivo e útil. Quando estamos prontos para caminhar com as próprias pernas? A alta psicológica acontece quando chegamos a um ponto em que nos sentimos bem, nos conhecemos melhor e temos recursos internos para lidar com os desafios da vida por conta própria. É o "final feliz" esperado de um processo terapêutico bem-sucedido. A alta é uma alternativa viável quando: Você se sente mais confiante e tem uma boa autoestima. Consegue tomar suas próprias decisões sem depender tanto dos outros. Lida com as emoções sem precisar da aprovação de todo mundo o tempo todo. Consegue estabelecer limites saudáveis nos seus relacionamentos. Sente-se bem no dia a dia e tem mais clareza sobre o que quer da vida. A alta não significa que você nunca mais terá problemas, mas sim que você possui as ferramentas emocionais para encará-los. A decisão de encerrar a terapia é construída em conjunto com o terapeuta, após uma conversa sincera e uma análise do quanto você evoluiu. Pode acontecer dependência emocional do psicólogo? Sim. Às vezes, a relação com o terapeuta pode desviar do caminho e se transformar em dependência emocional. É como se a pessoa não se sentisse capaz de viver sem o psicólogo, e isso acaba atrapalhando o verdadeiro objetivo da terapia. É crucial avaliar as expectativas em relação ao terapeuta, para que este não seja visto como um amuleto. Sinais de que pode estar rolando uma dependência emocional na terapia: Dificuldade de tomar decisões sem a aprovação do psicólogo. Necessidade de aprovação, atenção ou contato constante com o terapeuta. Sentir que a terapia é o único lugar onde se tem apoio e anular quaisquer outras fontes importantes. Ficar muito ansioso só de pensar em receber alta, mesmo percebendo que não existem mais demandas. Não aplicar na vida o que aprendeu na terapia apenas para prolongar o tratamento. Essas situações não só impedem que você se torne uma pessoa mais independente, como podem colocar o terapeuta no papel de "salvador". Ter alguém com esse peso não é saudável e vai contra a ética profissional. É papel do psicólogo perceber isso, conversar com sensibilidade e, principalmente, trabalhar as causas dessa dependência em sua vida. E o paciente também deve ter a liberdade para expressar esses sentimentos quando eles surgirem. É importante ressaltar que algumas condições clínicas podem ser confundidas com dependência, especialmente devido à necessidade inicial ou em momentos de crise de um suporte mais intenso. A distinção reside no fato de que, em situações de sofrimento psicológico, há um diagnóstico claro, enquanto na dependência emocional o que se sobressai é a busca incessante por contato com uma pessoa específica, já não mais motivada pelo tratamento. Quando é realmente necessário permanecer na psicoterapia? Nem todo sofrimento precisa de terapia, mas há momentos em que a ajuda profissional é fundamental. A necessidade real de acompanhamento psicológico surge quando a pessoa tem sintomas persistentes que atrapalham muito a vida pessoal, social ou profissional. São sinais de que a terapia é uma boa ideia: Ansiedade, depressão, ataques de pânico, medos intensos (fobias). Problemas constantes nos relacionamentos. Baixa autoestima, sensação de ser inútil ou de se autossabotar. Comportamentos que te machucam, impulsividade ou vícios. Dificuldade de concentração, falta de vontade crônica, bloqueios no trabalho ou nos estudos. Nesses casos, a terapia oferece um espaço seguro e com conhecimento técnico para que a pessoa possa entender o que a faz sofrer, criar novas formas de lidar com a vida e se reconectar com seu potencial de mudança. O tratamento psicológico também pode ser procurado para autoconhecimento , orientação parental, vocacional e questões específicas. Nesses casos, a busca ocorre quando o paciente encontra dificuldades em lidar com essas questões por conta própria. A alta psicológica é uma vitória O desejo de partir nem sempre indica que é o momento da alta, assim como a vontade de permanecer não significa que a continuidade seja o melhor caminho. A alta psicológica é uma vitória; a dependência emocional, um alerta que precisa ser trabalhado; e a necessidade real de terapia, um convite ao autocuidado com responsabilidade. Saber a diferença entre essas situações exige um olhar atento do terapeuta, uma relação madura na terapia e o compromisso de ajudar a pessoa a ser mais autônoma. Para você, paciente, entender esses três momentos também é se tornar protagonista do seu próprio processo: reconhecer quando é hora de continuar, quando é hora de partir e quando é hora de voltar, com sabedoria e consciência. A terapia não é um lugar para ficar para sempre, mas um espaço de passagem, de construção e, acima de tudo, de fortalecimento. Contribuição de Jonatas Oliveira para este espaço.
- Intimidade conjugal começa com um bom diálogo.
Sobre o que é este post: A nutrição do amor, a comunicação eficaz e o respeito aos limites do cônjuge são pilares essenciais para a intimidade no relacionamento. A sintonia entre um casal não aparece do nada e não é só na cama que ela acontece. Ela nasce e se fortalece no jeito que vocês conversam. Falar e, principalmente, escutar com atenção e de coração é uma das maiores provas de carinho que existe num relacionamento. E, como tudo o que a gente constrói, exige paciência. Mudar jeitos antigos de agir não acontece de um dia para o outro. É normal dar umas escorregadas no caminho. Isso não quer dizer que você falhou, mas sim que algo está mudando. Continuar tentando, com carinho com você mesmo e com a parceria, é o melhor caminho. Planejar não estraga o amor. Fortalece. Alguns casais torcem o nariz para a ideia de “marcar” hora para ficar juntos. Acham que perde a graça, a espontaneidade. Mas a realidade é que, na correria do dia a dia, quem não se organiza dificilmente consegue dar atenção ao que realmente importa. Combinar um encontro especial, reservar tempo para um bom papo, marcar uma saída no fim de semana, nada disso faz o amor ser menos verdadeiro. Pelo contrário: mostra que o relacionamento é tão importante que merece um lugar de destaque na rotina de vocês. Planejar o tempo a dois é um jeito de cuidar do sentimento. Mostra que você se importa, que tem responsabilidade com a relação e que quer fortalecer o vínculo sempre, e não só nos intervalos entre uma tarefa e outra. Conversar é escutar com o coração. Aquela comunicação na defensiva, em que cada frase é uma desculpa ou uma forma de se proteger, é um veneno que vai matando a intimidade aos poucos. Quando um se fecha ou rebate tudo o que o outro diz, o diálogo morre. E junto com ele, morre a chance de resolver os problemas e de se conectar de verdade. Uma conversa respeitosa começa por reconhecer que o outro é gente como a gente. Sua parceria é, antes de tudo, uma pessoa: com sentimentos, fraquezas, desejos e jeitos de ver a vida. Tratar o outro com respeito não significa concordar sempre, mas validar que ele existe e que o que ele sente e vive é importante. Aceitar as diferenças é fundamental para a conexão íntima. Uma coisa que costuma acabar em briga entre casais é a diferença na vontade de transar. Homens e mulheres sentem essa vontade de jeitos diferentes, não só por causa dos hormônios, mas por tudo o que afeta o emocional da relação. Para muitos homens, essa vontade costuma ser mais constante, mesmo quando as coisas não vão bem no emocional. Para muitas mulheres, é mais ligada à qualidade da relação, à atenção, ao toque sem malícia, ao carinho recebido no dia a dia. Quanto antes a gente entender essas diferenças e parar de esperar que o outro reaja exatamente como nós, mais chances teremos de encontrar um jeito de acolher os dois lados com carinho e respeito. A intimidade sexual se constrói fora do quarto também. A vida sexual não começa só na hora do toque físico. Ela é resultado de um monte de carinhos, emoções, conversas e gestos que acontecem durante o dia. Se não acontecer uma troca de ideias, de sentimentos e de companheirismo entre o casal e se não houver partilha, escuta, empatia e bom humor, dificilmente vai dar certo a entrega na hora da intimidade. Manter os canais de comunicação abertos, mesmo nas pequenas conversas do dia a dia, é o que faz o desejo pela parceria durar por muito tempo. Lembre-se: Relacionamentos que evoluem são aqueles em que ambos estão dispostos a mudar, ouvir e construir. E isso começa com um bom diálogo. Contribuição de Jonatas Oliveira para este espaço.
- Regulação Emocional na TCC: Sentir com Consciência e Equilíbrio.
Sobre o que é este post: A TCC ajuda a regular emoções, percebendo-as, entendendo seus pensamentos e buscando respostas saudáveis. É autoconhecimento para sentir com equilíbrio. Você já teve a sensação de que as emoções simplesmente “te dominam” como se fosse impossível controlar o que sente, ou até como se fosse errado sentir? Na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), trabalhamos com uma perspectiva diferente: não se trata de não sentir, mas de aprender a sentir com mais consciência e equilíbrio. O que é regulação emocional? Regulação emocional é a capacidade de perceber, compreender e lidar de forma construtiva com as próprias emoções, tanto as agradáveis quanto as desagradáveis. Isso não significa sufocar ou ignorar sentimentos, mas reconhecê-los, entender por que estão ali e encontrar maneiras mais saudáveis de responder a eles. Na TCC, enxergamos as emoções como resultado de pensamentos automáticos e interpretações que fazemos das situações. Quando aprendemos a identificar esses pensamentos, ganhamos mais liberdade para escolher como agir, em vez de reagir no “piloto automático”. Como podemos regular emoções na prática? A regulação emocional envolve três etapas principais: Reconhecer Dar nome ao que estamos sentindo e perceber sua intensidade. “Sinto medo porque vou apresentar um projeto importante.” Entender Observar quais pensamentos surgem e como eles alimentam ou aumentam a emoção. “Tenho medo de que me julguem ou pensem que sou incompetente.” Questionar e manejar Refletir sobre a realidade desses pensamentos e buscar respostas mais realistas e funcionais. “Eu me preparei, erros acontecem, e todos podem ficar nervosos em situações assim.” Aliado a isso, técnicas como respiração consciente, relaxamento, mindfulness e prática de autocuidado ajudam a diminuir a intensidade emocional no corpo. Por que isso é importante? Todos sentimos medo, raiva, tristeza, alegria, ansiedade. Esses sentimentos têm funções importantes para a nossa sobrevivência e convivência. O problema não está em sentir, mas em ficar preso a respostas que nos prejudicam, como explosões de raiva, crises de ansiedade ou isolamento. Aprender a regular as emoções é aprender a dar espaço para sentir, mas também para refletir, escolher e cuidar de si mesmo. Em resumo: Na TCC, entendemos que regular emoções é um processo de autoconhecimento e prática diária, não um exercício de perfeição. É sobre ter mais clareza, flexibilidade e compaixão consigo mesmo. Contribuição de Lorena Pessoa para este espaço.
- Estilos Parentais: como a criação molda a vida dos filhos
Sobre o que é este post: A forma como ofertamos cuidado e amor aos nossos filhos A forma como os pais educam, apoiam, cuidam e enxergam seus filhos tem um impacto profundo no desenvolvimento emocional, social e psicológico deles. O estilo parental influencia diretamente a autoestima, a autonomia e a maneira como cada indivíduo enfrentará desafios e construirá seus relacionamentos ao longo da vida. Você já parou para pensar em como foi a sua criação e como isso reflete na sua forma de educar? Vamos explorar os principais estilos parentais e seus impactos: Pais Autoritativos: Equilíbrio entre Amor e Limites Há apoio, afeto e liberdade para que os filhos desenvolvam independência. O respeito é o valor central: todos exercem e recebem respeito. O diálogo é incentivado, e as decisões são compartilhadas. Resultado: Segurança para tomar decisões, reconhecimento das próprias competências, capacidade de estabelecer relações saudáveis e desenvolvimento da responsabilidade pessoal. Pais Autoritários: Disciplina Rígida e Pouca Afetividade Estabelecem limites inflexíveis, impõem regras rígidas e usam a cobrança excessiva. A comunicação tende a ser agressiva, e a autonomia é restrita. A autoridade é o valor principal: a obediência é exigida sem questionamentos. Resultado: Medo constante, dificuldade em confiar nos outros, confusão entre sentimentos de amor e raiva, baixa autoestima e propensão a relações abusivas. Pais Indulgentes: Permissividade sem Limites Há muito apoio e permissividade, mas pouca imposição de regras e limites. A "liberdade" é o valor principal, mas sem exigências ou correções. Os erros e problemas de conduta costumam ser ignorados. Resultado: Sensação de que não há necessidade de assumir responsabilidades, tendência a agir de forma impulsiva e dificuldades para lidar com desafios na vida adulta. Pais Negligentes: Ausência de Cuidado e Atenção Pouco envolvimento emocional e baixa participação na vida dos filhos. A comunicação é limitada, e não há monitoramento do desenvolvimento infantil. Resultado: Sensações frequentes de ansiedade, tristeza e solidão. Problemas escolares, falta de motivação, desinteresse pela própria saúde e dificuldades em estabelecer vínculos. Qual é a importância de revisitar nossa criação? Para muitas pessoas, pai e mãe são as primeiras e mais marcantes referências na vida. Entender como fomos criados e como isso influenciou nossa forma de ver o mundo nos ajuda a perceber padrões que podemos manter ou transformar. Se você tem filhos, vale a reflexão: como você está exercendo seu papel parental? Está conseguindo equilibrar afeto, diálogo e limites? A forma como você educa hoje impactará o futuro deles de maneiras que talvez você ainda nem imagine. Contribuição de Jonatas Oliveira para este espaço.
- Preparar para a autonomia
Sobre o que é este post: Um antídoto contra a ansiedade infantil e juvenil A ansiedade em crianças e adolescentes pode ser suavizada, acolhida e até mesmo prevenida quando os pais ou cuidadores se fazem presentes nas atividades cotidianas, promovendo vivências que favorecem a autonomia e a independência. Isso porque a ideia de crescer e se tornar independente, embora natural, pode despertar preocupações profundas nos jovens. O receio de não dar conta, o medo da separação das figuras de cuidado, a insegurança diante das próprias decisões… tudo isso se manifesta, muitas vezes, na forma de ansiedade e estresse. Participar, desde cedo, das responsabilidades do lar (com tarefas ajustadas à idade e à maturidade) é uma maneira de preparar esses jovens para o inevitável: a vida adulta. E com ela, a individualidade. Uma individualidade que, por vezes, será acompanhada de solidão. Não uma solidão negativa, mas uma experiência comum na trajetória de crescimento, onde aprendemos a habitar nossa própria companhia enquanto construímos laços com os outros. Quando pais ou cuidadores evitam que seus filhos façam escolhas, enfrentem pequenos desafios, saiam sozinhos ou interajam com outras pessoas por medo de que algo dê errado, acabam, ainda que involuntariamente, transmitindo esse medo. A ansiedade, nesse caso, vira herança emocional. Contudo, muitos jovens, com criatividade e resiliência, conseguem romper essa corrente e construir sua liberdade de forma autêntica. Se para um adulto ansioso recomenda-se descanso, lazer, atividade física, contato afetivo, organização do lar e autocuidado, por que não aplicar essas práticas com as crianças e adolescentes em casa? O lar deve ser o primeiro espaço de cuidado integral e não apenas responsabilidade ou cobrança. Atividades domésticas, quando realizadas de forma compartilhada e afetiva, ensinam aquilo que não se aprende apenas com tarefas: alimentam vínculos, constroem saberes, fortalecem o senso de pertencimento e ajudam a desenvolver autoestima e confiança. E isso vindo das figuras de referência é de um valor inestimável. Desde os tempos antigos, protegemos nossas famílias assim: alimentando uns aos outros, ensinando a falar, escutar, observar, se defender e amar. A ansiedade, por si só, não é um inimigo. Ela é um sistema de alerta sofisticado, que nos ajuda a perceber riscos e nos preparar para agir. Quando uma criança é bem orientada, escutada e estimulada com amor, a ansiedade tende a não se tornar um obstáculo, mas sim um sinal útil no caminho da maturidade. Por isso, se possível, invista diariamente na presença: Conversem sobre o dia : isso aproxima gerações e fortalece vínculos afetivos. Brinquem juntos : o riso e o lúdico são pontes de conexão e segurança. Integrem os jovens à cultura familiar : cozinhar, costurar, plantar, tocar instrumentos, aprender ofícios e tradições — tudo isso forma caráter e identidade. Ofereçam responsabilidades proporcionais : errar e tentar de novo é o caminho natural da aprendizagem. Estimulem a criatividade sem julgamentos : sobretudo na adolescência, onde experimentar outras ideias e valores faz parte do processo de individuação. Guiar com afeto é sempre mais eficaz do que podar com medo. Esses gestos simples constroem a base emocional para que a criança e o adolescente enfrentem a vida adulta com mais preparo, autonomia e serenidade. Neste texto abordamos apenas um dos muitos temas que envolvem a "ansiedade". Isso quer dizer que não há uma receita de bolo e que o que queremos é tentar trilhar o caminho com a intenção de acertar. Se você tem uma criança, adolescente ou jovem em casa que apresenta sinais de ansiedade apesar de receber amor e acolhimento, é indicado que busque ajuda profissional. A psicoterapia individual ou familiar, ou ainda, a orientação parental podem ajudar. O mais importante é cuidar bem de você e oferecer cuidado a quem você ama. Contribuição de Jonatas Oliveira para este espaço.
- Quando há amor na responsabilidade, o cuidado não se torna um fardo.
Sobre o que é este post: Responsabilidade e amorosidade na parentalidade Formar uma família e educar filhos é um ofício diário, exigente e profundo. Não basta amar, é preciso estar presente com atenção, cuidado e uma autoridade firme, mas amorosa. É essa autoridade, exercida com afeto e coerência, que transmite segurança emocional e constrói modelos saudáveis para que as crianças e adolescentes se orientem no mundo. Afinal, o amor, por si só, é um sentimento complexo e sofisticado. E por isso mesmo, difícil de ser plenamente compreendido por aqueles que ainda estão desenvolvendo sua identidade emocional. Crianças e adolescentes percebem o amor menos pelas palavras e mais pelas atitudes que constroem sua rotina: presença, escuta, limites, e respeito. Amar, de verdade, exige coragem É uma entrega que envolve riscos e incertezas. Amar é também suportar dúvidas, aceitar imperfeições, e conviver com frustrações. Toda relação afetiva traz consigo uma certa dose de dependência, desilusão e o fim inevitável de algumas idealizações, especialmente aquelas construídas em torno do “amor romântico”. Por outro lado, amar também requer paciência, espera, e disposição constante para construir e reconstruir laços. No ambiente familiar, isso se traduz na dedicação ao cuidado cotidiano, no esforço de manter o diálogo aberto e em orientar com firmeza, mas sem autoritarismo. O amor dos filhos nasce da experiência de serem cuidados É na corrente silenciosa de gestos afetuosos, na escuta atenta, na presença constante e no respeito à sua condição de criança que eles aprendem a amar e a se sentirem amados. É preciso lembrar que filhos (não adultos) não devem ser os cuidadores da família. Quando essa inversão acontece, os papéis se embaralham, e a criança assume responsabilidades que não lhe cabem. O preço emocional disso, a longo prazo, pode ser alto e gerar culpa, exaustão e a sensação de inadequação. Amar, portanto, também é preparar Preparar os filhos para lidar com a ansiedade, com a frustração e com a espera. Educar é oferecer suporte, mas também é ensinar que nem tudo acontece no tempo desejado. Que limites existem, e que aprender a respeitá-los é parte do amadurecimento. Educar é pautar, orientar, escutar. É ensinar que a vida, embora nem sempre fácil, pode ser bela quando sabemos amar com responsabilidade e quando somos amados com presença, coerência e cuidado. O medo de falhar Se você entende a criação de filhos como apenas "obrigação" acaba por oferecer o básico sem dar atenção às necessidades emocionais e o suporte verdadeiro para a construção de uma vida. Se acredita que o "amor" é a única necessidade, pode cair na armadilha de não estabelecer limites, perder-se nas ausência de regras e gerar uma dependência que impede o desenvolvimento da autonomia. Se deixar tudo a cargo de "exigências", certamente faltará com a manutenção de um vínculo saudável... e parece que a gente se depara sempre com uma chance de errar! É necessário reconhecer que amor e responsabilidade devem caminhar juntos. E que um resgate da própria infância poderá trazer lições valiosas sobre o que não devemos repetir, no que não devemos faltar e o que podemos descartar. Cada filho e filha exigirá algo. Cada pai e mãe precisará reconhecer prazeres e sacrifícios nessa jornada. Contribuição de Jonatas Oliveira para este espaço.